A temporada de voo a vela no hemisfério sul começa.
Apesar de ter muitos bons pilotos de cross country no Brasil, ninguém havia voado um triângulo FAI de 1000 km. Localizados em baixas latitudes, apesar de terem áreas com boas térmicas, os dias simplesmente não são longos o suficiente. No entanto, graças a um planejamento preliminar detalhado, o piloto Sergio Andrade conseguiu realizar este projeto com sucesso em 3 de novembro de 2018.
Ele escreve:
“Meu bom amigo e excelente piloto Karl Voetsch, que tem uma veia exploradora, passou muitas temporadas no Nordeste do Brasil, onde os dias são ainda mais curtos, mas as térmicas começam a funcionar mais cedo. Karl mora na Alemanha e ele foi um forte motivador para o meu recorde.
Enquanto explorava o mapa de relevo da região, minha atenção foi atraída para um cume orientado a N-S que percorre cerca de 250 km perpendicularmente aos ventos alísios predominantes.
Outro amigo, René Queiroz, especialista em simulador de vôo da Condor, criou a paisagem para o programa, para que eu pudesse testar o relevo e ver se funcionaria. Matthew Scutter também foi muito útil para prever o clima da região com o Skysight.
Nós levamos meu ASH 30 Mi para São Benedito, uma pequena cidade localizada no topo da cordilheira com um aeródromo pavimentado de 1800 m 910 m ASL. Meu amigo piloto, Silvio Masiero, e eu começamos a explorar a região, testando a cordilheira na vida real e tentando o triângulo FAI de 1000 km. Enquanto aprendemos, consecutivamente quebramos dois registros de triângulos de distância livre da FAI.
“Você deveria começar mais cedo, Sergio!”, Questionou Karl, que estava analisando os voos pela OLC.
Então, no dia 3 de novembro, eu e meu bom amigo Itamar Lessa, campeão brasileiro com seu ASW 20 (15 m), decolamos mais cedo, seguimos a cordilheira por 200 km antes da transição para térmicas, alcançamos o waypoint sul, viramos NW por 415 km perna rápida e virou Leste para os 250 km finais, otimista porque ainda tínhamos 2:45 horas antes do pôr do sol.
Que surpresa! CUs começaram a estratificar e sombrear o terreno, enfraquecendo as térmicas e aumentando os ventos contrários, a velocidade média caindo, o pôr do sol se aproximando…
Em um certo ponto nós ainda não tínhamos altura suficiente para chegar ao aeródromo que fica 8 km antes do waypoint quando, no céu azul escuro, por acaso encontramos uma térmica fraca, ganhando os preciosos metros necessários para terminar a tarefa e ligar o motor para retornar ao aeródromo.
Apesar de ser o dia mais fraco durante a nossa estada, preparação, determinação e trabalho em equipe pilotando o maravilhoso ASH 30 Mi por 10:21 horas, conseguimos completar os primeiros 1000 km FAI no Brasil, os quais arquivaremos para aprovação na FBVV e FAI.
Clique aqui e veja detalhes do voo na OLC.