pouso fora

10 dicas importantes para pousar fora com segurança

O que é pouso fora?

No voo a vela é comum escutarmos o termo pousar fora. Pousar fora nada mais é do que pousar em um arado ou uma pista (homologada ou não), diferente da pista da decolagem. E navegar com planador significa “correr esse risco”. Alguns pilotos não se preparam para o pouso fora e isso pode ter conseqüências graves, como lenhar o planador, por exemplo.

Uma das coisas importantes antes de iniciar uma navegação é ter certeza de que conseguirá pousar sem as referências do seu aeródromo de origem.

Para isso, você deve conseguir pousar com precisão ou seja, treinar pousar curto.  Faça uma marca na pista, pouse após a marca e pare o mais rápido possível. Este pouso deve ser com a menor energia possível, pouso “dois pontos”.

Agora que você já sabe o que deve fazer antes de iniciar a navegação, separamos 10 dicas muito importantes para te ajudar a pousar fora com segurança. Vamos lá:

1. SELEÇÃO DO LOCAL DE POUSO

TAMANHO

É a primeira consideração para escolha do local. Quando você planejar a sua primeira navegação leve em conta a rota que apresenta maior número de campos grandes. Pergunte a pilotos experientes para escolha do percurso, eventualmente você poderá escolher uma rota em que sempre estará no cone de uma pista.

Qual o tamanho necessário? Normalmente podemos dizer que um arado tem mais que 500 m de comprimento. O planador necessita menos de 150 m, após o toque, para parar. Portanto, arados normalmente tem tamanho adequado. Durante o seu vôo você sempre verá vários arados dentro do seu alcance.

COR

Indicará o tipo de superfície do solo. Cor verde indica pasto, claramente não aconselhado já que poderá ter cupins, pedras, cercas, animais e outros obstáculos. 

Pedra proxima ao local de pouso-risco de lenhar o planador
Pedra próxima ao local do pouso. Risco de “lenhar” o planador. Fonte: The Secret life of a glider pilot

A melhor cor é a marrom ou vermelha, que indica um solo trabalhado. Variações na tonalidade, indicam que o solo não é plano. Máquinas agrícolas não conseguem arar muito perto de cercas, resultando em uma risca verde paralela a cerca.

Pouso fora. Arado escolhido para pousar fora
Imagem de Arado trabalhado. Fonte: Videoblocks

OBSTÁCULOS

Um obstáculo tem efeito 10 vezes maior que sua altura. Se você voar sobre uma árvore de 30 m no final da pista, ela irá reduzir o comprimento utilizável da pista em 300 metros.

A razão que obstruções têm efeito tão grande é que precisamos sobrevoar a mesma com boa margem de segurança e, normalmente, costumamos a passar bem mais alto que o necessário. 

Todo campo tem um tipo de obstáculo: a cerca. Assuma que todo campo tem uma cerca em volta. Além da cerca, poderá haver fios elétricos, e fios de telefone.

pouso fora - Cerca em volta do arado
Assuma que todo campo tem uma cerca em volta.

INCLINAÇÃO

Todo piloto de planador sabe que o pouso deve ser feito morro acima, independente da direção do vento. Desnível do solo, visto do ar, é muito maior que você pensa. Pousar morro acima tem várias vantagens: a rolagem é curta, o planador para rapidamente, mesmo com vento de cauda. Portanto, há menor risco de danificar o planador. 

Se você conseguir identificar ondulações ou desnível de solo do ar, tenha certeza que o terreno é muito mais inclinado que parece, visto de cima.

2. O QUE FAZER QUANDO ENCONTRAR O DONO DO TERRENO MUITO BRAVO

fazendeiro bravo

Seja amigável com as pessoas, dê atenção a elas, principalmente ao dono do local, a crianças e a curiosos.

Aguarde sua equipe para remover o planador, procurando evitar danificar a plantação e seu equipamento. 

Se o dono do terreno engrossar, tranquilize-o, uma vez que os planadores no Brasil  possuem seguro obrigatório contra terceiros (N.T.).

3. DECISÕES DE ALTURA

Nunca tente navegar se a base não estiver no mínimo a 1.000 metros acima do solo. Se você não consegue subir a pelo menos 1000 metros, as chances de um pouso fora aumentam dramaticamente. Escolha um dia com base de pelo menos 1.500 metros para os seus primeiros vôos a distância.

Durante sua navegação, quando estiver abaixo de 1000 metros, voe em direção à região com maior possibilidade de pouso fora.

Quando você estiver a 600 metros, escolha os campos em que o pouso fora é possível e procure térmicas no raio de alcance destes campos, ou seja fique no cone dos campos selecionados.

Quando você estiver entre 400-500 metros acima do solo, você deve entrar na perna de través do campo escolhido, com um campo alternativo por perto, no caso de você encontrar algum perigo no campo inicialmente escolhido.

4. TRÁFEGO DE POUSO

O tráfego de pouso deveria ter 4 pernas: perna de través, perna do vento, base e reta final. Estas pernas formam um retângulo em volta da área de pouso, seja no pouso em pista, seja num campo arado. 

circuito de trafego padrao
Circuito de tráfego padrão.

A 300 metros você deverá estar na perna contra o vento do campo escolhido para que você possa então, iniciar o tráfego retângulo. Você observará atentamente para obstáculos escondidos, inclinação, animais, e a plantação. Você deverá notar a direção do vento, pela deriva do planador no tráfego.

Talvez não será possível efetuar todo o tráfego em volta do campo.  Você pode ter calculado errado a altura necessária, poderá estar mais baixo que pensava.  Muitas vezes é necessário cortar os cantos do tráfego retangular e até mesmo encurtar a perna contra o vento para a metade do campo, a fim de iniciar a perna do vento numa altura segura.

Lembre-se, o Altímetro é o instrumento menos confiável do planador. Você precisa desenvolver as habilidades para julgar altura sem o altímetro.

5. CAMPOS ALTERNATIVOS

Quando você seleciona uma região como campos de pouso fora, tente selecionar uma área que tenha vários campos de pouso possíveis.  Quando você decidir-se por 1 ou 2 campos, pense qual sua decisão no caso de achar algum perigo imprevisto (tipo pedras, ou fios) que torne o campo selecionado não recomendável ao pouso.

Não é sempre possível ter um campo alternativo, porém na maioria das vezes existe um campo alternativo.  Quando estiver inspecionando sua primeira opção de pouso fora, tenha em mente o campo alternativo, e tente inspecioná-lo também.

Normalmente, voando na pista do Aeroclube, efetuamos tráfego pela esquerda.  No pouso fora, o tráfego também dever ser pela esquerda. Faça aquilo que você está mais acostumado!  Se você normalmente voa tráfego pela direita, tente efetuar o tráfego pela direita no pouso fora. Não é sempre possível, mas tenha em mente este tópico.

6. VELOCIDADE NO TRÁFEGO

Deve ser a mesma que você normalmente voa quando pousa na pista do Aeroclube.  Efetue o tráfego como se estivesse pousando na pista do Aeroclube.  A melhor velocidade a ser voada é a velocidade de vôo normal + ½ da velocidade do vento + um pouco caso exista turbulência. Você tende a voar mais rápido que o normal durante o pouso fora.

7. A PERNA DO VENTO

Se você voar muito próximo durante a perna do vento, não conseguirá efetuar uma perna base bem feita, só terá espaço para  curva  de 180°. A perna base é provavelmente a mais importante de todas, na tentativa de fazer um pouso preciso.  O importante, não é o ângulo que você está em relação ao campo, porém, a compreensão entendimento que voar muito próximo ao campo torna impossível efetuar uma perna base com comprimento razoável.

8. CURVA PARA PERNA BASE

Provavelmente o erro mais comum feito pelos pilotos é iniciar a curva para perna base muito cedo. Isto coloca o planador mais alto do que o necessário, forçando o piloto a usar todo spoiler e até mesmo glissar para não chegar alto no pouso.  Algumas vezes, o planador está tão alto que o pouso no local desejado é impossível, o toque acaba sendo bem mais à frente. 

CURVAS

Durante o treinamento de pouso fora, várias coisas acontecem ao mesmo tempo, e você estará um pouco nervoso.  Entretanto, quando efetua as curvas para a base e para a final – durante os 5 segundos que levamos para cada curva – não há nada mais importante do que manter a lã bem centrada!

É fundamental evitar estol em curva e/ou parafuso a baixa altura. Se você manter a lã no meio, e o nariz do planador abaixo da linha do horizonte, na atitude normal de vôo, é impossível estolar ou entrar em parafuso durante as curvas no tráfego de pouso

9. ONDE POUSAR

Tente pousar no meio do maior e melhor campo que encontrar. O piloto mais experiente pode optar por pousar mais perto da cerca para facilitar o resgate. O piloto iniciante, deve ter em mente o plano de ação mais seguro possível. Não assuma riscos.

10. TOQUE

O toque deve ser efetuado com a menor energia possível, para que a rolagem no solo seja curta. Rolar alguns metros a mais do necessário pode significar cair numa vala, ou atingir uma pedra e poderá danificar o planador. A melhor velocidade de toque, durante o pouso fora, é a menor possível. Isto significa cauda baixa, pouso com pouca velocidade. A melhor, e mais segura atitude para o toque é aquela em que a cauda toca primeiro o solo.

Piloto Talles Lima, com o PW5 AA.

Fonte: adaptado do artigo “Off Field Landings”, de Tom Knauff.

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